Sobe e desce no comércio: microempreendedores e autônomos vendem menos em junho

  • Índice SumUp do Microempreendedor chegou a 62,02 pontos no período, valor 7,03% menor que o apurado no mês de maio deste ano

  • Inflação alta e poder de compra baixo continuam a afetar os comerciantes da base da pirâmide

Os microempreendedores e autônomos ainda são os mais prejudicados pela alta da inflação e, consequentemente, pelo enfraquecimento do poder de compra dos brasileiros. Segundo o Índice SumUp do Microempreendedor (ISM), a atividade econômica do setor caiu 7,03% em junho ante maio de 2022, atingindo 62,02 pontos. Em relação a junho do ano passado, a queda foi ainda maior: 17,80%.

Ainda de acordo com o estudo exclusivo da SumUp, os dados de junho representam o segundo pior resultado do ISM em um ano, superando apenas o patamar registrado em fevereiro de 2022. Ao analisar a série histórica (vide gráfico abaixo), é possível verificar um sobe e desce constante nos resultados do setor.

O ISM mostra um retrato fiel da realidade econômica do Brasil, pois reflete as relações de consumo das classes mais pobres, que são a maioria da população. Só para se ter uma ideia, o último levantamento do IBGE mostrou que há mais de 24,5 milhões de profissionais autônomos no País.

Renan Pieri, professor da Fundação Getúlio Vargas e um dos responsáveis por formular o estudo, destaca que a queda do ISM de junho está diretamente relacionada à inflação e ao aumento dos preços dos insumos e da energia elétrica. “Os empreendedores brasileiros têm observado, nos últimos meses, um avanço contínuo dos custos de produção, especialmente os relativos às matérias-primas e à energia elétrica. Por outro lado, a população também tem sofrido com o elevado custo de vida, pois seu salário não está acompanhando a inflação. Com isso, as pessoas estão consumindo menos.”

Ainda de acordo com Pieri, a alta dos custos e esse poder de compra menor dos consumidores dificultam muito a vida dos empreendedores. “Nessa situação, os donos de negócios têm dois caminhos: repassar a alta e vender menos, ou não aumentar os preços, mas ficar com uma margem apertada de lucro", complementa.

Carlos Grieco, diretor de Meios de Pagamento da SumUp, aponta que os microempreendedores e autônomos devem continuar a enfrentar um momento desafiador. “Enquanto indicadores como a inflação e a taxa Selic continuarem elevados, o cenário econômico dos empreendedores da base da pirâmide deve continuar desfavorável”, diz.

Produzido pela SumUp, fintech de meios de pagamento para micro e pequenos empreendedores, o ISM é construído com base em dados de negócios de profissionais informais, além de MEIs e microempresas de todos os estados brasileiros e de mais de 30 ramos de atividades distintos.

Como funciona o ISM

A divulgação do Índice SumUp do Microempreendedor (ISM) é uma contribuição da SumUp para o País, com o intuito de ampliar o acesso às informações sobre a economia brasileira. O ISM é calculado a partir de um método estatístico robusto, mas simples, que permite explicar o desempenho do setor microvarejista.

O ISM considera fatores como sazonalidade, diferenças demográficas do País e participação de cada estado no PIB, assim como o volume de vendas processados pelos produtos da SumUp. O gráfico resultante permite entender o comportamento do mercado para microempreendedores no Brasil.